
Em tempos de Lava Jato e outras pilantragens que desviam e saqueiam o bolso do contribuinte, o deputado federal Carlos Bezerra (PMDB-MT) está propondo aos seus pares, uma nova mudança na CLT. O parlamentar, já inimigo número “1” da classe empresarial, apresentou em plenário um Projeto de Lei que, se aprovado, obrigará as empresas a concederem 3 dias de licença para mulheres menstruadas.
A idéia, na visão do parlamentar, tende a ser muito muito boa e produtiva para as empresas.
Confira entrevista do parlamentar concedida a revista Veja.
VEJA: Qual a necessidade de uma licençamenstruação ?
DEP: Você é mulher e sabe do problema por que vocês passam durante esse período. Se forem incluídos os dias da TPM, então, nem se fala. Vocês ficam de baixo-astral. Reclamam, né? Minha mulher já teve cólicas terríveis — hoje, não tem mais. No Japão, essa lei já existe. Vi que era o momento de avançar isso no Brasil. Convivo com muitas mulheres, de vereadoras a deputadas, e me preocupo com a mulher. Tenho meu lado feminino.
VEJA: Lado feminino?
DEP: Sim. Sou o autor da PEC das Domésticas e tenho um projeto que obriga o SUS a fazer a restauração do seio da mulher no caso de câncer de mama. Aqui no Brasil, o lado feminino é muito fragilizado.
VEJA: Como foi a reação das mulheres com quem o senhor falou do projeto?
DEP: Todas aprovaram. São simpáticas à lei, porque conhecem o assunto. É um tema grave, que estava debaixo do tapete.
VEJA: O senhor propõe alterar um artigo da CLT para as empresas liberarem as mulheres do trabalho por até três dias ao mês durante o período menstrual. O que os empresários acharam disso?
DEP: Estão totalmente contra. Eles me procuraram, exaltados: “Mas como o senhor faz um projeto desses, numa hora em que o país está com índices tão altos de desemprego?”. A verdade é que ninguém leu o projeto. Ora, a empresa só tem a ganhar, vai produzir mais, e não vai ter prejuízo, porque a mulher vai repor esse horário perdido, trabalhando em casa ou numa carga horária maior em outros dias.
VEJA: É o momento de apresentar um projeto assim, quando o país discute outras reformas?
DEP: Eu acho que muda o enfoque. Tira o foco da corrupção e mira o bem-estar social. Falam só em corrupção, corrupção. Há outros problemas importantes. Esse é um projeto social de alcance profundo.